NA ORLA


Chegar juntinho com sol e inaugurar a areia fina e fofa dessa praia, é impagável. É quando o embate inglório entre as ondas de seu mar cristalino e os rochedos são mais belos. É quando o vento prestativo acalma a fúria de um sol que prenuncia um verão escandalosamente quente. É quando o céu, de um azul anil de encanto, estéril de nuvens mais se assemelha a um oceano suspenso. É quando o ar é limpo e puro ainda e leve. É quando tudo é mais bonito e nenhum instante é breve. Os sentidos se aguçam...
Por toda extensão da beira-mar, um comitê de robustas rochas parecem brotar da areia fina e clara e limpa. Umas se embriagam com o recuo das ondas leves. Outras paqueram a maré cheia para fartarem-se em goles espumantes. No intervalo, trocam segredos seculares, inaudíveis aos ouvidos sensatos; não os meus. Do outro lado da estrada estreita, um morro verdejante e imponente, observa prazenteiro, o farfalhar das copas das amendoeiras que parecem gargalhar com as cócegas que o vento faz. Pouco a pouco, já não somos só nós. Pouco a pouco o sol gira e girando, chega ao meio do céu. E chegando já fortalecido pela pausa do vento, bronzeia almas, corpos e mentes. É quando meus olhos, bêbados de maresia, olhando pra dentro, enxergam mais além...

NA ORLA - Lena Ferreira -

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