NOVEMBRO


A tarde, caminhando mansa e fresca, parecia esquecida do encontro marcado com a lua. Pássaros empoleirados nos galhos, ruflavam suas asinhas, acomodando o doce canto em seus ninhos sem penas. Enquanto isso, uma brisa leve e alegre farfalhava as folhas das árvores grávidas de sabores e aromas. Um sol alaranjado, morno e preguiçoso olhava para o horizonte com olhinhos de tristeza. Queria demorar-se um pouco mais - desejo de todos os dias, pobrezinho - esperançoso por encontrar a amada sua.
Pouco a pouco, passos e gritos silenciavam suas vozes para, calmamente, poderem beber, gota a gota, toda essa cena. Vagarosamente, percebiam, um véu fino e quase negro estendendo-se na imensidão de um céu estéril de nuvens mas fértil em promessas. Era novembro chegando... E da pequena janela do quarto podia-se ver, claramente, a boca da noite cuspindo estrelas.

NOVEMBRO – Lena Ferreira – nov.13

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