VIVÊNCIA


Era dessas que, a qualquer ruído, se punha inquieta a busca o motivo e, sem nenhum motivo, buscava a razão. Não se achava enquanto se perdiam o som, o sussurro ou a estridência no ar que, pesado e estagnado por questionamentos, dificultava o seu respirar.
Até que, um dia, um pássaro raro e discreto pousando em seu dedo, num canto tão terno e tão manso como um acalanto, cantou-lhe uma estória tão linda, tão viva, tão doce e veraz, semelhante a canção de ninar em notas macias, tão claras; vivência em cantar. E ninando toda a ansiedade, serenando toda a aflição, explicou-lhe que só se ouve bem com os ouvidos da alma, repousando o peito no silêncio da calma.
Desde então, quando escuta o suspiro da brisa ou um vento formando temporal, abre bem os ouvidos da alma e para ponderar, se cala...

VIVÊNCIA - Lena Ferreira -

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