OBSERVATÓRIA

Há, sim, acredito, um certo desconforto em permanecer nesse estágio de estio, silêncio arredio, medindo e medindo os passos e os gestos, olhando e olhando de fora pra dentro e de dentro pra fora... E embora ainda carregue esse peso enorme que fere, prefere regar a alma com um tanto mais de reserva. Preservando a saliva, já quase extinta, talvez colabore com a germinação da calma que ora lhe escapa, ora lhe avista mas nunca lhe foi uma conquista.
Talvez seja este o resumo do acaso; um ir e vir constante, nem sempre pensante mas sempre convulso num impulso errante entre gritos de alarde e recuos macios. Jamais fora covarde mas nem sempre são...
Tarde ou cedo, cultiva e esbarra em pedras de tropeço e pagando o preço pelas escorregadelas, colhe as sequelas das quedas sucessivas e, insistente, desfolha as feridas vivas além do extremo. Mas não treme nem teme; apenas cede. E sangra...E sangra...Hemorrágicos segredos.
Talvez e só talvez seja esta a razão para tal desconforto: tentar dizer mais pelo que cala do que pelo que alicia com a ponta dos dedos...

OBSERVATÓRIA - Lena Ferreira – jan.14

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