TUAS ÁGUAS
Acomodas tempestades e, no teu peito, há um vão tenso de onde escorrem vãs palavras em lavas que inundam o quarto e a sala e não calam o verbo que eu não quis ouvir. Fala de nós ao vento que passa ao longe enquanto chamo a brisa para o nosso lado. Ela vem mas logo parte e, em desassossego, rego o canto de te amar. Não é doce a voz que sai de mim; é trêmula, carregada de um tom acovardado – refreio -. Não soubeste precisar nada além desta imagem impregnada por detrás dos olhos negros, pequeninos, moles de tanto te ver e ver - tão perto e tão distante - . Teu peito é um não imenso que me incita tempestades encharcando o canto esquerdo com mais m'águas... TUAS ÁGUAS - Lena Ferreira -