gota d'água
Flerto com vórtices e volúveis ventanias
Onde as rimas retas ricas não se atrevem
E as palavras mais macias não tem cela
Nasci sorrindo na beirada de um abismo
De onde os verbos lisos arredam dois passos
Alimentei a sede em vão do vinho verde
E na textura à tinta extinta, pinço nuvens
Pressinto longe tempestade, céu vermelho
Apronto os pés que, em ponta, aponta o precipício
Lançando-me num seco,
solto e cego salto
Redimo o peso de uma improvável
pena
E nos segundos que sucedem essa queda
-mero respingo, evaporando, evaporando -
Em tudo penso e do que penso nada sei
E antes mesmo de tocar solo,
nada sou
GOTA D’ÁGUA - Lena
Ferreira - fev.15
-para Inspiraturas - Oficina de lirismo - Quem sou?
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