BATISMO

No abismo, como quem se embeleza,
batizava em estranhas rezas
as feridas palmo a palmo
nada calmos, os pés empoçados em sangue
como procissão exangue
tropeçavam nos escombros
nos tombos, com os joelhos vermelhos,
procurava por espelhos
que lhe enviassem avisos
precisos de que mudar é preciso
- se preciso, em improvisos;
passo, pressa, piso, freio -
no meio, mergulhado em frescas águas
afogou possíveis mágoas
vãos segredos e receios
emerge murmurando um novo salmo
agora com os pés mais calmos
agora com otimismo
prossegue caminhando entre as pedras
e, levantando a cada queda,
sacramenta o seu batismo



BATISMO - Lena Ferreira - mar.15


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