JARDIM SUSPEITO

Gosto de pensar que me espias
embora saiba-te assim, indiferente
aos gestos infantes, pueris, matinais
aos versos tolos, todos sem sentido
aos  avessos avulsos expostos na lua
aos nãos que oscilam entre o sim e o talvez
aos vãos tão vazios que te descompletam
às cismas, pretendendo-me o ser poeta
num equilíbrio inútil às vagas que tremulam
sustentando o vento em todas as estações
parafraseando, com essência de lírios,
as gotas de orvalho na ponta dos cílios

E assim,  imagino o teu riso aberto
destilando liras, loas, madrigais
à esse sorriso débil de entranha
de muitos quereres, todos  abissais
e, embora saiba-me só mais uma estranha
à esse teu querer, muito, muito incapaz
confesso, não importo nenhum dos pesares
não meço o desvio, sigo com os pensares
circulo e circulo em alucinações
pelas vias de um jardim suspeito
onde, só, cultivo flores e ilusões 



JARDIM SUSPEITO - Lena Ferreira - abr.15

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