ANÔNIMAS

Poeiras pré-concebidas estagnam o vento
e acorrentando-o através dos seculares dias
alimentam o pavio de guerras frias e mudas
estatísticas apreçam o custeio e os valores
e enquanto rios secam e mares transbordam
as terras sem fronteiras definidas tremem
mais pelos tementes do que pelos temidos
o caos instaurado segue dilatando olhares
santos, surdos e cegos, egos estrelam noites
em nuvens líquidas, lânguidas e passageiras
poeiras pré-concebidas estagnam o tempo
sereno e profuso, o céu nos observa e cala
a rota dos segundos apressa a transitoriedade
a reta dos minutos quase derrapa nas curvas
as horas oram por sorrisos inteiros que valham
a palha sob a chuva que o vento não move
hoje ou amanhã se transforma em fogueira
o fogo, o mesmo fogo que consome a carne
aquece as doidas almas nas vagas de frio
pés ainda tropeçam nas sombras alheias
vísceras expõem-se em translúcidos véus
o caos instaurado segue dilatando olhares
porém, mãos anônimas dispostas em auxílio
dão-se à vida outra mais que à própria vida
resgatando o fio a fio, reconstruindo lidas
- sob o texto de que nem toda lenha é sina
sob o texto de que nem todo gesto se assina -


ANÔNIMAS - Lena Ferreira -

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