VIVA
E aí você acorda, mas acordar é pouco. Dá uma olhadela pela
janela e confere o tempo. Um sol tímido convida para beber o dia. Embora com
preguiça, você aceita. Levanta da cama. Passa as mãos nos cabelos, toma meio
gole de coragem e respira. Seus pés descalços levam o seu corpo, e o sono, até
a beira da praia. Lá, você ensaia um passo a mais além das águas frias. Mas, o
vento sopra e o sol resfria. Então, você recua temendo pela ousadia. Mas,
repensa a precisão. Respira. Toma então um gole inteiro de coragem. Deita os
pés nas ondas arredias. Frias, arrepiam até os pelos do pensamento, é claro.
Mas, despertam o que ia dormente. Sente? E acordam os olhos do daqui pra frente.
Vê? E abrem os ouvidos do ‘não quero mais’. Ouve? Então... Mergulha o sono e o seu
corpo inteiro. Aquele mesmo, mas o mesmo outro. Aquele além daqueles olhos
doutos. Aquele a quem você ‘deve' o amor primeiro. Vai, mergulha. E leva junto
a sua alma. Aquela a quem você mantém cativa. Vai, 'me orgulha'... Viva!
VIVA - Lena Ferreira -
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